sexta-feira, 22 de maio de 2009

Introdução

Numa realidade cada vez mais individualista e solitária, as necessidades de escape são cada vez maiores e mais recorrentes. A comunicação com o passar dos tempos torna-se mais estranha devido à ascendente falta de conteúdos. Passam-se as horas, os dias, os meses, os anos e a preocupação principal é arranjar mais entretenimento e mais distracções. No fundo, quer-se "ir passando o tempo conforme é possível". Mas uma vida inteira a "ir passando o tempo" faz com que na realidade seja este quem passa por nós. E ele, ao contrário de nós, uma vez passando não pode voltar atrás.

Um pequeno passo por dia, faz com que a longo prazo se percorra uma longa caminhada, mas esta para ser percorrida, necessita que haja vontade. E se o primeiro passo é pequeno, o segundo provavelmente será um bocadinho maior e assim progressivamente. Talvez ao fim de uns tempos, em vez de pequenos ou largos passos já se percorram trechos do caminho, pois, afinal de contas, todo o exercício custa no início, mas a prática regular vai lentamente tornando tudo mais fácil e eventualmente vai-se-lhe ganhando o gosto.

Convém também entender que certas caminhadas levam o individuo a encontrar obstáculos, ou forçam-no a desvios imprevistos. No fundo, coisas que preferíamos que não existissem, mas que não obstante da nossa vontade teimam em aparecer. Mas é neste contexto que se vê a força e determinação de cada qual. Porque nem sempre a artéria principal é aquela que nos leva ao desejado destino, há que muitas vezes encontrar atalhos que sirvam o nosso propósito. E se dessa artéria, que achamos ser a principal, muitas outras se cruzam, deixando-nos sem saber qual é a que nos leva onde pretendemos, há que ir experimentando as várias possibilidades até reconhecermos o nosso caminho. E pelo meio de todo este percurso, uma infinidade de experiências e sensações irão perdurar no nosso ser. Afinal, elas são as peças essenciais que definem a nossa estrutura individual.

"Artérias cruzadas" é o sítio onde se encontram ideias, ideais e pensamentos. Neste espaço, frustrações, desejos e fantasias convivem com reflexões, opiniões e convicções, com revoltas e tristezas. Aqui sonha-se e idealizam-se realidades paralelas. Aqui tomam a forma de palavras os extensos monólogos produzidos por uma mente e que acabam por nunca se tornar em diálogos.
Desta forma se dá mais um pequeno passo de uma caminhada que há muito anseia por continuar a ser percorrida. Becos, estradas, avenidas e artérias, que se cruzam e entrelaçam tão depressa como se separam até perder tudo o resto de vista, esperam que finalmente o desejado pé os pise e que dê também um sentido à sua existência.

Um mote, acima de tudo:
Mais reflexão, menos distracção

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