quarta-feira, 23 de março de 2011

Actualidade 1: PEC-MEN


9 meses de inactividade e o Artérias Cruzadas volta à carga no dia em que se debate na Assembleia da República o PEC IV, o qual, se for recusado se diz que irá fazer o Governo do PS liderado por José Sócrates.

Sócrates, ou o PEC-MEN, como o decidi começar a chamar a partir de agora tem que ser corrido do poder. Esta é a minha convicção, pois cada vez mais se notam as suas lacunas a nível de comunicação com o restante poder político. Este não tem um governo maioritário, mas gosta de governar e tomar decisões como se esse não fosse o caso.

Neste momento está o povo português mais do que farto de constantes cortes e congelamentos, de tal forma que se poderia pensar que na realidade somos governados por um bando de cozinheiros, talhantes e peixeiros. Além do mais, tendo em conta que se planeiam super-investimentos como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa ainda se percebe menos como é possível andar sempre a pedir sacrifícios aos portugueses em vez de se mandar congelar estes projectos... E se ainda até se consegue entender a necessidade de um novo aeroporto, o mesmo não se pode dizer em relação ao TGV. Afinal de contas, com estas low costs, mas quem é que vai pagar 100€ ou mais para chegar a Madrid em 3h ou 4h, quando por 40€ ou 50€ se põe lá em bem menos de metade desse tempo? Mais, países como a Noruega e a Suécia, que chegam a ter 3 e 4 vezes mais a nossa extensão territorial não têm um TGV nem tão pouco têm planos para vir a ter um no futuro, portanto, pergunto-me eu, porque raio há-de um país como Portugal ter necessidade de um? Confesso que isto é das coisas que menos entendo...

Outra das coisas que convém ter em consideração é o facto de o PS ser um partido de centro-esquerda e como tal espera-se que tenha mais tacto e mais consideração por questões sociais e não fazer uma política meramente baseada na economia como é hábito dos partidos mais virados à direita. Nos últimos tempos a questão da flexibilização do mercado laboral, facilitando os despedimentos é talvez o ponto alto desta disparidade entre a realidade actual do PS e a teórica.

Posto isto espero que entendam que sim, quero ver o Sócrates e uma boa parte deste governo pela porta fora assim que possível, mas também confesso, este é um péssimo momento para o fazer.

Mais do que ver estes galos fora do poleiro, quero acima de tudo evitar que o FMI entre pelo nosso país adentro, pois se isso realmente acontecer está verdadeiramente o caldo entornado. O governo actual está longe de ser bom, principalmente tendo em conta as nossas expectativas para com este, mas o FMI é cem vezes pior! Disto não tenho a mínima dúvida. É que estes senhores ignoram tudo aquilo que não seja números. Com eles não há cá políticas sociais nem tão pouco um bocadinho que seja de preocupação com o bem estar das pessoas. Estes senhores só querem saber de resultados financeiros, tudo o resto é treta. E verdade seja dita cada vez acredito menos que estes até sejam uma boa solução para a resolução do nosso problema, pois olhando para o exemplo da Grécia, a coisa não parece nada bem. Desde que o FMI entrou lá o PIB desceu cerca de 10%!!! E pelas notícias que vêm da Irlanda, estes estão a ir pelo mesmo caminho, o que na minha óptica torna este cenário extremamente preocupante.

Outra das coisas a ter em conta é a realidade portuguesa. Somos um país pequeno e com imensas dificuldades em conseguir criar riquezas.A nossa "tábua de salvação" tem sido o turismo e esta parece realmente ser a única área realmente capaz de fazer criar receitas para Portugal. O sector industrial está cada vez mais a concentrar-se na Ásia devido aos baixos custos de produção. O sector têxtil, mais concretamente o vestuário e o calçado, são um bom exemplo disso. Em Portugal, as poucas empresas que se mantêm cá fazem-no devido à qualidade de confecção e dos materiais, mas estas são actualmente uma curta minoria. E isto, é algo que afecta bastante o nosso país.
Para ajudar a tudo isto a oposição arranjou a estratégia de tentar culpar o actual executivo governamental por toda a crise que estamos a viver e tem investido fortemente em tentar passar essa imagem, mas verdade seja dita, isso é uma grande falácia. Portugal é desde há muitos anos um país completamente dependente dos fundos europeus e o que grande parte dos anteriores governos fez foi esbanjar esses fundos. Fez-se muita coisa desde que em 1986 entramos para a União Europeia, mas não basta fazer meus caros amigos... Há que fazer bem feito, e o grande problema é que muita coisa foi extremamente mal feita, sendo que para mim, um dos maiores problemas de todos foi a falta de controlo sobre a aplicação de todo este dinheiro que entrou nosso país. Toda a gente sabe, que até à entrada deste milénio a fiscalização sempre foi muito pobre, quase que a roçar o anedótico. Este é o tipo de coisas que tem consequências a médio-longo prazo e isso é o que estamos a sentir hoje. O nosso país não é alheio à crise mundial que desde 2008 tem vindo a afectar a economia de tudo o mundo e que agravou e precipitou ainda mais a crise profunda da nossa economia. E tendo em conta o nosso historial isso precipitou ainda mais a desconfiança dos mercados internacionais nas nossas capacidades para gerir o dinheiro que recebemos, levando-nos à nossa situação actual perante a Europa.
Desde o início do seu mandato, o governo do PEC-MEN tem tomado bastantes medidas difíceis, muitas delas provocando uma grande falta de popularidade, mas no entanto necessárias. É preciso esforço para obter resultados e muitas vezes sacrifícios. Ninguém gosta de os fazer, mas que eles muitas vezes são necessários toda a gente sabe. Assim sendo, acho que também tem que haver alguma moderação em toda esta contestação, pois nem tudo é linear como gostaríamos que fosse.

No fundo, o que este texto pretende é que as pessoas simplesmente parem um bocado e reflitam sobre aquilo que se passa na realidade política nacional e tomem um bocado consciência de que há várias coisas envolvidas nesta grande equação que nos afecta e afectará nos próximos tempos. Que temos que correr com o Sócrates não há dúvidas pois tem mentido ao seu povo sobre o real estado da nossa economia e sobre as medidas que realmente são necessárias para que não percamos de vez a nossa liberdade e passemos a ser governados pelos senhores dos números europeus. Mas acima de tudo calma e pensemos bem nas consequências de empandeirar já esta trupe, pois os outros que virão a seguir vos garanto que não farão muito melhor...