segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fodas à Coelho - As oportunidades do desemprego

Caro Coelhinho,

Vi noutro dia que as tuas recentes declarações sobre o desemprego em Portugal foram mal recebidas pela população em geral, e queria neste momento difícil manifestar-te o meu apoio, pois acho que a grande maioria não entendeu o teu ponto de vista.

De facto, acho que alturas como esta são as mais propicias às mudanças e ao aparecimento de alternativas para combater as dificuldades que atravessamos. Assim, penso que tens toda a razão em querer pôr esta cambada de piegas a puxar pela cabeça e a ver as imensas portas que se estão a abrir no actual panorama nacional. Decidi inclusive dar-te uma ajudinha nisto e enumerar algumas oportunidades que no meu entender são passíveis de produzir bons resultados nos próximos tempos.

A primeira é a agiotagem, pois tendo em conta as dificuldades financeiras que muitos atravessam, penso que aqueles que puderem investir nesta área irão conseguir resultados muito positivos. Poderá ser também uma boa forma de aproximar as pessoas dos seus credores e e afastar a impessoalidade da banca, embora imagine, que vá haver alguns que talvez preferissem manter essa distância... Mas só de pensar no numero de criminosos violentos que poderiam finalmente ter uma oportunidade de colocação num emprego à sua medida, uma pessoa ganha logo um novo fôlego de esperança!

A segunda é a prostituição e esta poderá ter um grande impacto directo e indirecto na nossa economia. Para começar nunca é tarde para incentivar a mais velha profissão do mundo, e tendo em conta que a grande maioria da população também já está bem habituada a ser enrabada pelo sistema, não hão-de ser certamente mais umas fodas a fazer a diferença, certo? Para além disso, se o país virar um bordel, devemos também conseguir produzir um aumento significativo no turismo. Aliás, se tivermos em consideração o nosso custo de vida, eu cá diria que vão ser "charters" de alemães, americanos, angolanos e chineses a virem cá dar-nos mais umas palmadinhas! E de maneira a que se aproveite o investimento que tem sido feito nos últimos anos nas tecnologias, pode-se também tentar incentivar o pessoal desta área a desenvolver várias páginas de pornografia amadora e profissional, o que aumentaria a nossa exposição a nível mundial. Até se podem criar iniciativas do género "Fuck a Portuguese and make your own porn movie". E se a tudo isto ainda lhe juntarmos a quantidade de chulos que por aí iriam despontar, aposto que ficávamos rapidamente com uma taxa de desemprego extremamente reduzida!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Cortejo dos tristes

Ter uma catrafada de jovens adultos, na sua fase pós-adolescente, completamente histéricos e aos berros, alcoolizados o quanto baste, a deambular pelas ruas da cidade durante um dia inteiro, é um cenário digno de um qualquer filme de terror psicológico. Pelo menos para mim, que sou um gajo sensível a estas coisas, e com um baixo nível de tolerância para toda esta euforia desmedida.

Sim, vive-se mais uma vez o dia do cortejo de finalistas universitários, em que toda esta malta sai à rua para nos mostrar quem são as pessoas que irão construir o futuro do nosso Portugal. Eu diria que toda esta cerimónia é no mínimo dos mínimos passível de ser considerada extremamente irónica.Senão vejamos:

A grande maioria passeia-se durante este dia com as vestes e cores da sua faculdade, em carros alegóricos, tipo versão pobre do Carnaval brasileiro, entoando cânticos das suas respectivas faculdades, como se estivessem a caminho de alguma arena, em que se irão defrontar ferozmente a fim de apurar qual deles é o melhor. Os restantes passeiam o seu traje universitário e a capa com as fitas de forma a que todos saibam quem são os "senhores doutores". Bebem e berram o dia inteiro por todo o sítio em que passam, estando a maioria deles ainda a curar a ressaca da noite anterior e já na rampa de lançamento para nova borracheira de caixão à cova, enquanto que os familiares impávidos e serenos assistem a todo este belo espectáculo, como se se tratasse da coisa mais natural deste mundo.

Para quem achar que com isto eu estou a ser um bocado "careta", convém talvez relembrar-vos o contexto desta comemoração, pois ela é feita ainda em época de aulas, com o intuito de celebrar o culminar do estudo académico de uma série de estudantes, que ainda nem sequer fez os seus exames finais e como tal ainda não terminou coisa nenhuma. Convenhamos, há aqui um ligeiro contra-senso, não? E já agora, quantos deles já não terão feito 2 e 3 desfiles?

Após finalizarem isto, compreenderia perfeitamente que organizassem uma festa de arromba, em que fosse só "putas e vinho verde", como diz o bom calão nacional. Aí que bebessem, fornicassem e celebrassem até à exaustão a sua chegada ao mundo do desemprego, porque após isso, as oportunidades de o fazer convenientemente irão começar a escassear, mas até lá, bem que dispensava que andassem por aí a pavonearem-se de uma coisa que ainda não são, muito menos durante o dia, perturbando a minha calma e de mais uns quantos milhares de pessoas, e que bem que dispensam esta espécie de cenário dantesco softcore, que o cortejo acarreta consigo.