segunda-feira, 14 de maio de 2012

Fodas à Coelho - As oportunidades do desemprego

Caro Coelhinho,

Vi noutro dia que as tuas recentes declarações sobre o desemprego em Portugal foram mal recebidas pela população em geral, e queria neste momento difícil manifestar-te o meu apoio, pois acho que a grande maioria não entendeu o teu ponto de vista.

De facto, acho que alturas como esta são as mais propicias às mudanças e ao aparecimento de alternativas para combater as dificuldades que atravessamos. Assim, penso que tens toda a razão em querer pôr esta cambada de piegas a puxar pela cabeça e a ver as imensas portas que se estão a abrir no actual panorama nacional. Decidi inclusive dar-te uma ajudinha nisto e enumerar algumas oportunidades que no meu entender são passíveis de produzir bons resultados nos próximos tempos.

A primeira é a agiotagem, pois tendo em conta as dificuldades financeiras que muitos atravessam, penso que aqueles que puderem investir nesta área irão conseguir resultados muito positivos. Poderá ser também uma boa forma de aproximar as pessoas dos seus credores e e afastar a impessoalidade da banca, embora imagine, que vá haver alguns que talvez preferissem manter essa distância... Mas só de pensar no numero de criminosos violentos que poderiam finalmente ter uma oportunidade de colocação num emprego à sua medida, uma pessoa ganha logo um novo fôlego de esperança!

A segunda é a prostituição e esta poderá ter um grande impacto directo e indirecto na nossa economia. Para começar nunca é tarde para incentivar a mais velha profissão do mundo, e tendo em conta que a grande maioria da população também já está bem habituada a ser enrabada pelo sistema, não hão-de ser certamente mais umas fodas a fazer a diferença, certo? Para além disso, se o país virar um bordel, devemos também conseguir produzir um aumento significativo no turismo. Aliás, se tivermos em consideração o nosso custo de vida, eu cá diria que vão ser "charters" de alemães, americanos, angolanos e chineses a virem cá dar-nos mais umas palmadinhas! E de maneira a que se aproveite o investimento que tem sido feito nos últimos anos nas tecnologias, pode-se também tentar incentivar o pessoal desta área a desenvolver várias páginas de pornografia amadora e profissional, o que aumentaria a nossa exposição a nível mundial. Até se podem criar iniciativas do género "Fuck a Portuguese and make your own porn movie". E se a tudo isto ainda lhe juntarmos a quantidade de chulos que por aí iriam despontar, aposto que ficávamos rapidamente com uma taxa de desemprego extremamente reduzida!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Cortejo dos tristes

Ter uma catrafada de jovens adultos, na sua fase pós-adolescente, completamente histéricos e aos berros, alcoolizados o quanto baste, a deambular pelas ruas da cidade durante um dia inteiro, é um cenário digno de um qualquer filme de terror psicológico. Pelo menos para mim, que sou um gajo sensível a estas coisas, e com um baixo nível de tolerância para toda esta euforia desmedida.

Sim, vive-se mais uma vez o dia do cortejo de finalistas universitários, em que toda esta malta sai à rua para nos mostrar quem são as pessoas que irão construir o futuro do nosso Portugal. Eu diria que toda esta cerimónia é no mínimo dos mínimos passível de ser considerada extremamente irónica.Senão vejamos:

A grande maioria passeia-se durante este dia com as vestes e cores da sua faculdade, em carros alegóricos, tipo versão pobre do Carnaval brasileiro, entoando cânticos das suas respectivas faculdades, como se estivessem a caminho de alguma arena, em que se irão defrontar ferozmente a fim de apurar qual deles é o melhor. Os restantes passeiam o seu traje universitário e a capa com as fitas de forma a que todos saibam quem são os "senhores doutores". Bebem e berram o dia inteiro por todo o sítio em que passam, estando a maioria deles ainda a curar a ressaca da noite anterior e já na rampa de lançamento para nova borracheira de caixão à cova, enquanto que os familiares impávidos e serenos assistem a todo este belo espectáculo, como se se tratasse da coisa mais natural deste mundo.

Para quem achar que com isto eu estou a ser um bocado "careta", convém talvez relembrar-vos o contexto desta comemoração, pois ela é feita ainda em época de aulas, com o intuito de celebrar o culminar do estudo académico de uma série de estudantes, que ainda nem sequer fez os seus exames finais e como tal ainda não terminou coisa nenhuma. Convenhamos, há aqui um ligeiro contra-senso, não? E já agora, quantos deles já não terão feito 2 e 3 desfiles?

Após finalizarem isto, compreenderia perfeitamente que organizassem uma festa de arromba, em que fosse só "putas e vinho verde", como diz o bom calão nacional. Aí que bebessem, fornicassem e celebrassem até à exaustão a sua chegada ao mundo do desemprego, porque após isso, as oportunidades de o fazer convenientemente irão começar a escassear, mas até lá, bem que dispensava que andassem por aí a pavonearem-se de uma coisa que ainda não são, muito menos durante o dia, perturbando a minha calma e de mais uns quantos milhares de pessoas, e que bem que dispensam esta espécie de cenário dantesco softcore, que o cortejo acarreta consigo.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Es.Col.A - O ontem, o hoje e o amanhã

Tendo em conta todos os últimos desenvolvimentos do processo de despejo do colectivo Es.Col.A, penso ser importante pararmos todos para pensar um pouco em tudo isto. Houve uma explosão de informação sobre este assunto, que se reflectiu também num maior interesse da opinião pública, perante a mobilização de solidariedade popular que se foi gerando nos últimos dias. No entanto, apesar de ser extremamente positivo sentir que há cada vez mais gente interessada neste movimento, é também importante sabermo-nos situar individualmente perante tudo isto, pois por vezes, o entusiasmo de certas causas encobre um pouco o nosso bom senso. E convém também referir, que tudo isto é dito por alguém que até ao despejo de 19 de Abril, foi acompanhando o projecto ao longe, e só desde então para cá é que se tem tentado envolver das formas que pode pelas suas causas.

O que é o Es.Col.A e como surgiu?

O nome do Es.Col.A é por si só um pouco explicativo, pois significa ESpaço COLectivo Autogestionado e a sua ideia primordial foi aproveitar as instalações de um espaço público devoluto, para ser gerido por um colectivo de pessoas de forma autónoma e independente. Tudo isto, por sua vez, partiu de um conjunto de indivíduos que partilham de um principio muito simples: um espaço público que esteja abandonado e consequentemente não esteja a ser utilizado ao serviço da população a que deveria servir, pode e deve ser reclamado por esta, para usufruto das suas actividades, caso exista esse interesse.

Partindo deste pressuposto, as pessoas que vieram inicialmente a formar este colectivo, ocuparam em Abril de 2011 a Escola Primária do Alto da Fontinha, que se encontrava devoluta à 5 anos, e os seus únicos ocasionais ocupantes eram toxicodependentes, tendo desde então passado a desenvolver uma série de iniciativas e actividades para usufruto da população local e demais interessados, libertando também a localidade deste espectro negativo que anteriormente por lá pairava.

Sendo na sua gênese um grupo de pessoas que pressupõe que a participação de cada um deve de ir conta com a sua própria disponibilidade, e que não acredita na hierarquização deste tipo de projecto, foi decidido desde o início que todas as decisões relevantes para o seu bom funcionamento seriam tomadas em Assembleia, podendo qualquer pessoa comparecer a estas e expor o seu ponto de vista ou apresentar as suas propostas.

A evolução das coisas até ao presente

Embora no inicio houvesse certamente um sentimento de alguma desconfiança quanto à seriedade do colectivo por parte dos locais, esta rapidamente se dissipou perante a abertura demonstrada pelas pessoas que iniciaram o movimento e a fácil integração dos respectivos moradores em todas as actividades, pois na realidade estas começaram desde logo a demonstrar que eram uma mais-valia para todos.

Quem não partilhou deste ponto de vista foi a Câmara Municipal do Porto, que sem grandes pudores tratou de despejar o movimento em Maio por ocupação indevida de um espaço público. Estes por sua vez, juntamente com a população contestaram esta decisão, e perante a pressão da opinião pública, devido à falta de um projecto viável para aquele espaço, a CMP lá deu um passo atrás e permitiu a reocupação da Escola por parte do colectivo, até Dezembro de 2011, por ainda estar em fase de negociação para um qualquer projecto municipal, que convém referir, até à data ninguém sabe ainda qual ele é, exigindo também a constituição de uma Associação Cultural por parte do Es.Col.A, para a formalização das questões burocráticas. Apesar de ir contra os principio que fundamentam a constituição de um colectivo autogestionado, estes preferiram dar o braço a torcer, na esperança de que a Câmara visse neste gesto um acto de boa fé e reconsiderasse a sua posição quanto a um futuro despejo, até por este provar servir os interesses da comunidade local. Posteriormente o município informou que iria proceder ao envio de um contrato de aluguer, não renovável, no valor de 30€ mensais, até ao dia 30 de Junho de 2012. Após esta data o colectivo teria que evacuar definitivamente a escola, pois supostamente irá dar-se inicio às obras para a implementação do misterioso projecto municipal. Este contrato acabou por ser recusado em Assembleia do Es.Col.A pelo facto da assinatura desse documento legitimar, após a data estabelecida, o despejo do movimento daquelas instalações, e alegando que esta decisão deveria pertencer à população local, aqueles a quem reconhece a legitimidade sobre o futuro do espaço em causa.

Tudo isto terminou nos acontecimentos dos últimos dias, com o violento despejo por parte das forças policiais e funcionários da CMP no dia 19 de Abril, a reocupação entusiasta no dia 25 de Abril das instalações da escola e novo despejo no dia seguinte.

O ponto de situação actual

Depois de todo este turbilhão de acontecimentos e emoções, há que agora parar um pouco e definir novas estratégias. Todo o mediatismo a que esteve sujeito o Es.Col.A, acabou por transformar este movimento numa causa, e embora, isto certamente traga alguma satisfação pessoal aos pioneiros do projecto, pois sentem que a sua iniciativa é capaz de reunir algum consenso e apoio junto da sociedade civil, fruto de todas as manifestações de solidariedade que se fizeram sentir nos últimos dias, e de até inspirar outros a organizarem-se e promover a criação de projectos semelhantes, a realidade é que também há que separar o trigo do joio, pois uma coisa é a causa em si, outra é o projecto, e há que saber identificar onde termina um e começa o outro. É que há vários pontos que aqui que se põe que devem ser dissociados uns dos outros e que por vezes podem não ser fáceis de identificar para quem chega de novo, motivado por toda esta agitação.

Há, neste momento, já dados suficientes para, com alguma frieza de pensamento, poder afirmar que definitivamente este projecto gerou uma série de mais-valias para a população local, e que esta reúne um consenso alargado sobre essa realidade. Não agradará certamente a todos, pois nos dias que correm é praticamente impossível agradar a "gregos e troianos", mas de um modo generalizado, é acertado afirmar que os habitantes daquela zona gostam de ali ter o Es.Col.A, estando dispostos a lutar pela manutenção do projecto na sua zona, independentemente do que venha acontecer com o espaço em si. Deste ponto de vista, há neste momento uma tentativa de encontrar alternativas que tornem possível a manutenção do Es.Col.A na Fontinha, estando para tal dependentes da disponibilidade de todos aqueles que se voluntariaram até ao momento para ali manterem as suas iniciativas, agora que foram desprovidos das instalações do espaço que ocupavam e que albergava tudo isto, e que no fundo, foi o que fundamentou o seu aparecimento. É que caso se venha a confirmar a impossibilidade do colectivo voltar a ocupar as instalações da escola do Alto da Fontinha, o projecto perde também uma parte importante da sua essência, pois deixa de estar a ocupar um espaço público devoluto e transforma-se numa iniciativa popular de apoio social, quase sem qualquer tipo de ideologia contestatária. Resumindo, mantém-se o projecto implementado, mas deixa de haver a causa associada a este.

Postas as coisas desta forma, há que também questionar até que ponto, o colectivo não deve tentar até à última fazer vingar os seus ideais, pois sem essa motivação de tentar legitimar a ocupação de um espaço público com o intuito de o entregar à sua população local para a dinamização de actividades que sirvam os interesses destes, é também provável que alguns elementos percam algum envolvimento. É necessário que todas as pessoas entendam que este grupo de pessoas, que deu inicio a tudo isto, também luta por uma causa sua, e que sem ela tudo isto perde uma parte da sua real razão de ser. É que é extremamente bonito ver que as pessoas, mesmo com uma adversidades deste género se conseguem adaptar e arranjar alternativas, mas será de facto uma coisa coerente deixar de lutar pela causa que deu inicio a todo este processo? Não estarão, as pessoas que iniciaram todo este processo, a trair em parte os seus princípios, se não continuarem a tentar provar, que de facto se deve dar este tipo de legitimidade às populações, para que estas aproveitem aquilo que as instituições públicas não conseguem aproveitar?

Como é que Es.Col.A pode ainda vir a mostrar a sua utilidade e razão de ser para validar as suas causas?

Para que de facto as causas pelas quais o Es.Col.A luta não caiam em saco roto, o que este pode fazer, é tentar continuar a mobilizar o apoio popular, para que estes demonstrem das mais variadas formas a sua crença neste tipo de alternativa social. No entanto, aqui acho que o mote deve ser mesmo o de fazer demonstrações com um impacto social positivo, demonstrando alegria, inovação e muita cooperação da parte de todas as pessoas interessadas em dar o seu apoio a estes. No meu entender, a contestação à situação vivida pelo movimento deve manter-se presente, mas esta é uma batalha que só poderá ser ganha pela via das sua real capacidade de intervenção junto da população, e pelo que estas podem acrescentar à nossa sociedade. Não se deve desprezar o cariz revolucionário de toda esta luta, mas penso ser errado pressupor-se que este por si só seja capaz de conquistar o que quer que seja na situação em que actualmente se encontra.

O papel que cada um de nós pode desempenhar.

Agora, temos que acima de tudo tentar perceber o papel que cada um de nos pode desempenhar no processo que se avizinha. Quem de facto se identifica com este projecto tem agora em parte um dever moral de não deixar que tudo isto caia em saco roto, não compactuando com o comportamento passivo da generalidade, pois há várias formas de cada um de nós fazer o que estiver no seu alcance para tentar inverter esta situação. Acima de tudo há que continuar a manter o projecto activo e divulgar de todas as formas possíveis as suas actividades. É preciso que o público em geral se aperceba que há pessoas de facto interessadas em que esta ideia triunfe. Colaboração, participação e disponibilidade são as mais importantes armas que podem ser postas à disposição do Es.Col.A.

No entanto, há também que saber compreender o contexto actual das coisas, e perante isso, perceber quais são de facto as coisas em concreto em que podemos ajudar a fazer a diferença. É necessário que cada um também saiba primeiro tentar integrar-se junto do núcleo duro do projecto e progressivamente ir contribuindo com as suas próprias iniciativas, visto que antes de todo este alvoroço, existia já um grupo de pessoas, que ao longo de todo este tempo foi construindo o projecto à sua imagem e tem uma melhor visão sobre as suas potencialidades e limitações. Todas as ideias que tenham por intuito contribuir para o projecto serão certamente sempre bem vindas, mas também penso que é necessário que cada um, perante a sua própria disponibilidade quais são as suas limitações. O bom senso, aqui deve ser utilizado, tendo como ponto de vista a percepção de que já há algum tempo que existe este conjunto de pessoas que já trabalha com este projecto, e que foi fazendo as coisas acontecer, sendo por isso, eles a verdadeira alma do mesmo, independentemente de estes não quererem assumir nenhum tipo de hierarquias dentro deste, por não acreditarem que esse seja um meio que possa reflectir a sua forma de estar. No entanto há, e continuará a haver membros que por factores como o carisma ou a postura que têm, fazem com que as pessoas as considerem como uma espécie de líderes emergentes, mas que ao recusarem assumir este papel, acabam por ser a aquilo que faz do Es.Col.A aquilo que ele é. Como tal, seja em Assembleias, ou em qualquer outra iniciativa deste movimento, é fundamental que o nosso sentido de responsabilidade impere, para permitir que se mantenha a coerência do projecto, e não se entre em divagações desnecessárias, de coisas que provavelmente já estão definidas há muito tempo, ou de propostas que não se enquadrem no âmbito do movimento.

A partir de agora, compete a cada um de nós decidir o que está disposto a fazer para que não se perca desnecessariamente mais uma ideia positiva e que pelo seu mérito merece perdurar como exemplo de alternativa à conjectura actual em que vivemos.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Es.Col.A da Fontinha: da alegria à desilusão e da desilusão à reacção!

Antes de mais nada, gostaria de começar este artigo com um curto agradecimento ao talvez mais improvável interveniente, o sr. Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto. E quero agradecer-lhe porque simplesmente andava desligado desta coisa que sempre gostei de fazer, mas da qual andava sem grande motivação para o fazer, que dá pelo nome de escrever. Claro está que gostaria que os meus motivos para voltar a escrever fossem coisas positivas, mas à falta de algo melhor uma pessoa lá se vai arranjando com aquilo que lhe é dado.

A verdade é que não dá para estar quieto e calado, quando se observa tamanho atentado aos direitos dos cidadãos e às suas iniciativas. E se do lado do poder instituído alegam ilegalidades neste processo de ocupação da escola da Fontinha, eu do meu lado considero que compactuar com a sua condução deste processo é que é um verdadeiro crime.

Ontem, a cidade do Porto testemunhou uma verdadeira onda de solidariedade da população para com o movimento Es.Col.A, tendo certamente mais de um milhar de pessoas marchado dos Aliados até à Fontinha, onde se deu lugar à reocupação pacífica do espaço de onde este havia sido despejado no dia 19 de Abril. Quem lá esteve viveu tudo isto num ambiente de euforia e festa, repleto de sorrisos, abraços, beijos e cânticos. A alegria tomou conta do povo e o povo tomou de volta aquilo que é seu por direito e que nunca lhe deveria de ter sido retirado. Para alguns foi o seu melhor 25 de Abril até à data, para outros o melhor desde 1974, e para muitos outros o primeiro em que realmente se aperceberam do significado desta data.

Por sua vez, o dia de hoje é novamente marcado pelo sentimento de revolta devido à nova incursão da Câmara às instalações da escola da Fontinha, que fica marcada pela remoção da canalização, sanitas, lavatórios e instalação eléctrica, bem como o novo emparedamento, desta vez feita com cimento. Isto é a forma que o executivo da CMP tem de nos dizer que está disposto a ir às últimas consequências, gastando para isso o dinheiro dos contribuintes, para ir com a sua avante. Não interessa o que de positivo se faz, o que interessa é a vontade destes senhores, e ou nós nos sujeitamos à sua vontade, ou eles seja pela violência ou pela destruição farão essa sua vontade vingar.

Este tipo de comportamento a mim só me lembra uma coisa: um qualquer rufião com o seu gang a tentar intimidar a arraia miúda, relembrando-lhe constantemente que se não lhe dá o dinheiro do almoço este ser-lhe-á retirado à força. Mas estes "rufiões" esquecem-se que a paciência de todos nós é finita, e quando o "bullying" começa a proliferar, o sentimento de revolta e união também se alastra em igual proporção, dando lugar a uma vasta onda de solidariedade na luta contra o opressor.

Assim sendo, penso que a única forma de combater esta teimosia em não reconhecer aquilo que é obviamente uma boa iniciativa popular, passa por todos mostrarmos que não vamos em cantigas e que estamos determinados em levar a nossa intenção avante; que não cedemos a politicas repressivas e intimidatórias, pois somos indivíduos convictos dos nossos ideais, pois se uma boa causa, como esta, não for capaz de nos aproximar e fazer continuar a batalhar por algo em que acreditamos e que achamos ser o melhor para nós, então não sei o que fará!

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Es.Col.A da Fontinha: A arte de problematizar soluções

Ontem repetiu-se mais um triste exemplo da falsa democracia que cada vez mais se vai instalando e alastrando pelo nosso cantinho de terra aqui à beira mar plantado. Eram 9:45 da manhã quando a polícia invadiu a escola da Fontinha com o intuito de despejar os seus ocupantes. E quem eram esses ocupantes? Pois bem, esses ocupantes eram moradores da zona e as pessoas que se dedicaram à criação de um projecto funcional, autogestionado, virado para os interesses da comunidade local.

Mas vamos por partes...

O movimento Es.Col.A germinou há cerca de um ano, quando um grupo de pessoas constatou que a escola da Fontinha se encontrava fechada há mais de 5 anos e apresentou uma proposta à população para a reabilitação e requalificação desse espaço de forma a poder servir os seus habitantes e todos aqueles que por bem viessem, libertando o devido local do espectro de abandono e antro de toxicodependência que entretanto se havia transformado desde o seu abandono. E se no início ainda certamente que haviam uns quantos de desconfiados quanto às verdadeiras intenções destes, estas cedo se dissiparam assim que as pessoas começaram a ver que realmente aquilo que lhes foi proposto foi exactamente o que foi posto em práctica: a criação de um espaço comunitário aberto a todos, com actividades interessantes e capazes de integrar toda a sua população. Com isto, o projecto conquistou o seu maior objectivo: o apoio e o interesse da população.

O grave problema é que vivemos num país de burocratas sanguessugas, que têm muita dificuldade em compreender o que quer que seja que saia da sua "zona de conforto". Pior ainda, estes senhores julgam que estar no poder é sinónimo de autoridade para controlar o destino de tudo e todos, ao invés de ser uma responsabilidade civil em que o principal intuito é servir a sua comunidade. E é este tipo de confusão que é muito perigoso de se fazer, pois o povo português já viveu uma ditadura há ainda relativamente poucos anos e felizmente a grande maioria definitivamente não está minimamente disposta a voltar a andar de cavalo para burro.

Visto que o projecto da Es.Col.A da Fontinha não assenta nada bem com os principio deste núcleo de burocratas a solução encontrada por estes para a resolução deste "não-problema" foi precisamente tentar problematiza-lo ao máximo com o recurso ao já mais que habitual discurso demagógico, de que se tratava de um grupo de pessoas de extrema-esquerda ou de anarquistas que na ilegalidade se apoderaram de um espaço público, porque como é óbvio, este tipo de acções não pode ser feita por cidadãos conscientes do que é a cidadania, mas apenas por meliantes, bandidos, terroristas e extremistas!

Ora bem, aqui começa uma das bases para aquilo que eu considero ser uma das grandes contradições de todo este processo, pois um espaço público fechado não tem muito de público, enquanto que aberto à comunidade local e ao público em geral já serve bem mais o seu propósito. Mas ao que parece, as gentes do poder parecem discordar deste facto, pois o seu propósito não servia adequadamente os seus interesses económico-burocráticos.

Assim sendo, ao longo de um ano, a Câmara em vez de tentar desbloquear uma solução para algo que não era um problema para ninguém além destes fundamentalistas da religião burocrática, fez aquilo que faz de melhor e andou a tentar atirar areia para os olhos da população, recorrendo ao seu já gasto e mais do que previsível discurso demagogo, para tentar acabar com o projecto sem fazer muito má figura. E isto, quem foi seguindo atentamente este processo, foi o que viu acontecer vezes sem conta, com os constantes avanços e recuos nas negociações para a resolução deste processo, sem que nunca tenha sido posto em cima da mesa a verdadeira cedência do espaço a quem o recuperou, dinamizou e devolveu a quem é o seu verdadeiro dono: a população!

O que fica na ideia e na retina, na minha singela opinião, é que um grupo de pessoas que identificou um problema, pôs mãos à obra e decidiu criar uma solução exercendo ao mais alto nível o seu direito de cidadania. Por sua vez aqueles que, pelas funções que ocupam, obrigavam à resolução do problema e negligentemente foram adiando a apresentação de soluções, ao verem a sua soberania ameaçada, decidiram por todos os meios possíveis e imaginários dificultar ao máximo o processo até chegar aos termos que ontem todos vimos. Por isso aqui fica a minha grande questão para estes burocratas: Afinal qual é vossa função? Encontrar soluções para os problemas que nos afectam ou problematizar ao máximo as soluções que, nós no meio da confusão que vocês mesmos criaram, vamos encontrando?

Para finalizar, quero apenas deixar uma palavra de apoio a todas as pessoas que estiveram, estão e estarão envolvidas no projecto Es.Col.A, pois acredito firmemente que esta situação ainda irá explodir nas mãos de quem a criou. Acima de tudo, o que se viu ontem, serviu para alertar muitas pessoas para o trabalho que todos vós têm vindo a desenvolver. O que o poder está a conseguir fazer é criar um mártir, e desse mártir poderão vir a surgir muitas coisas boas. Não desistir, acreditar, lutar, inovar e criar novos desafios, é no meu entender, a palavra de ordem do momento! E acima de tudo, resistir!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Macacada - Parte 11.11

Parece incrível meus caros mas é mesmo verdade. Após todos estes constantes alarmismos dos últimos anos, parece que ainda há seres humanos capazes de crerem que um alinhamento de números do nosso calendário é capaz de provocar o apocalipse ou então uma mudança cósmicó-espiritual.
Durante a tarde do dia de ontem comecei a ver os primeiros sinais preocupantes deste fenómeno a serem postados das mais diversas formas por várias pessoas, na mais popular rede social da actualidade e cada vez mais a razão supra-sumo pela qual muitos de nós hoje possuem um computador: o Facebook. Uns publicavam artigos apocalípticos, enquanto outros alertavam para a abertura de um importantíssimo portal cósmico para toda a humanidade. Ora, sendo eu uma pessoa até razoável, lamento informar uns quantos crentes nestas teorias de que tudo isto não passa para mim de uma valente treta. Pura verborreia!
Nada tenho contra iniciativas que visem promover a consciência colectiva dos seres humanos, seja ela através de meditações, sintonizações de corações e mentes ou de depravadas orgias. Aliás, penso que se deve inclusive incentivar tais iniciativas, especialmente se opção recair sobre esta última, mas fazê-lo sobre pretextos descabidos como este, lamento meus amigos, mas considero isto um atentado à minha inteligência!
O nosso planeta tem 4,54 mil milhões de anos, e nós enquanto Homo Sapiens estima-se que estejamos cá há cerca de 200 mil anos. A nossa civilização em que vivemos começa a classificar a "História" há cerca de 10 mil anos e actualmente há pelo menos 3 calendários em vigor: o Cristão, o Muçulmano e o Budista. Assim sendo, e para aqueles que ainda não perceberam aonde é que pretendo chegar com isto, deixem-me que vos simplifique as coisas: Acham mesmo que faz a mínima lógica essas tretas de portais e apocalipses, só porque uns números coincidem no calendário de uma das religiões em vigor? E se acreditam mesmo nisso, deixem-me que vos desaponte dizendo que este alinhamento numérico tão bonito que tanto gente hoje fez questão de exultar segue a mesma linha de raciocínio da mundialmente famosa "lógica da batata"! Porquê? Muito simples estimadíssimos amigos: hoje, ao contrário do que muitos de vocês parecem querer acreditar não foi o dia 11/11/11, mas sim o dia 11/11/2011. Fantástico não é? Afinal de contas este alinhamento numérico tem ali uma ligeira e irritante falha que talvez valesse a pena ter tido em consideração. Isto leva-me a crer que na volta agora muitos se irão dar conta de que afinal o apocalipse / portal cósmico só se irá dar daqui a 9 dias, em 20/11/2011 e para levar isto ainda mais ao cúmulo do absurdo, este irá dar-se pelas 20:11, ficando apenas a faltar definir aos crentes destas teorias no horário de que país é que tal coisa se irá verificar... Sim, porque para aqueles que não sabem o horário em Portugal é diferente do horário em Espanha, e por sua vez estes são diferentes do horário na Rússia, nos Estados Unidos, na China e em muitos outros sítios... As coisas de que um tipo se lembra, hein?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Actualidade 1: PEC-MEN


9 meses de inactividade e o Artérias Cruzadas volta à carga no dia em que se debate na Assembleia da República o PEC IV, o qual, se for recusado se diz que irá fazer o Governo do PS liderado por José Sócrates.

Sócrates, ou o PEC-MEN, como o decidi começar a chamar a partir de agora tem que ser corrido do poder. Esta é a minha convicção, pois cada vez mais se notam as suas lacunas a nível de comunicação com o restante poder político. Este não tem um governo maioritário, mas gosta de governar e tomar decisões como se esse não fosse o caso.

Neste momento está o povo português mais do que farto de constantes cortes e congelamentos, de tal forma que se poderia pensar que na realidade somos governados por um bando de cozinheiros, talhantes e peixeiros. Além do mais, tendo em conta que se planeiam super-investimentos como o TGV e o novo aeroporto de Lisboa ainda se percebe menos como é possível andar sempre a pedir sacrifícios aos portugueses em vez de se mandar congelar estes projectos... E se ainda até se consegue entender a necessidade de um novo aeroporto, o mesmo não se pode dizer em relação ao TGV. Afinal de contas, com estas low costs, mas quem é que vai pagar 100€ ou mais para chegar a Madrid em 3h ou 4h, quando por 40€ ou 50€ se põe lá em bem menos de metade desse tempo? Mais, países como a Noruega e a Suécia, que chegam a ter 3 e 4 vezes mais a nossa extensão territorial não têm um TGV nem tão pouco têm planos para vir a ter um no futuro, portanto, pergunto-me eu, porque raio há-de um país como Portugal ter necessidade de um? Confesso que isto é das coisas que menos entendo...

Outra das coisas que convém ter em consideração é o facto de o PS ser um partido de centro-esquerda e como tal espera-se que tenha mais tacto e mais consideração por questões sociais e não fazer uma política meramente baseada na economia como é hábito dos partidos mais virados à direita. Nos últimos tempos a questão da flexibilização do mercado laboral, facilitando os despedimentos é talvez o ponto alto desta disparidade entre a realidade actual do PS e a teórica.

Posto isto espero que entendam que sim, quero ver o Sócrates e uma boa parte deste governo pela porta fora assim que possível, mas também confesso, este é um péssimo momento para o fazer.

Mais do que ver estes galos fora do poleiro, quero acima de tudo evitar que o FMI entre pelo nosso país adentro, pois se isso realmente acontecer está verdadeiramente o caldo entornado. O governo actual está longe de ser bom, principalmente tendo em conta as nossas expectativas para com este, mas o FMI é cem vezes pior! Disto não tenho a mínima dúvida. É que estes senhores ignoram tudo aquilo que não seja números. Com eles não há cá políticas sociais nem tão pouco um bocadinho que seja de preocupação com o bem estar das pessoas. Estes senhores só querem saber de resultados financeiros, tudo o resto é treta. E verdade seja dita cada vez acredito menos que estes até sejam uma boa solução para a resolução do nosso problema, pois olhando para o exemplo da Grécia, a coisa não parece nada bem. Desde que o FMI entrou lá o PIB desceu cerca de 10%!!! E pelas notícias que vêm da Irlanda, estes estão a ir pelo mesmo caminho, o que na minha óptica torna este cenário extremamente preocupante.

Outra das coisas a ter em conta é a realidade portuguesa. Somos um país pequeno e com imensas dificuldades em conseguir criar riquezas.A nossa "tábua de salvação" tem sido o turismo e esta parece realmente ser a única área realmente capaz de fazer criar receitas para Portugal. O sector industrial está cada vez mais a concentrar-se na Ásia devido aos baixos custos de produção. O sector têxtil, mais concretamente o vestuário e o calçado, são um bom exemplo disso. Em Portugal, as poucas empresas que se mantêm cá fazem-no devido à qualidade de confecção e dos materiais, mas estas são actualmente uma curta minoria. E isto, é algo que afecta bastante o nosso país.
Para ajudar a tudo isto a oposição arranjou a estratégia de tentar culpar o actual executivo governamental por toda a crise que estamos a viver e tem investido fortemente em tentar passar essa imagem, mas verdade seja dita, isso é uma grande falácia. Portugal é desde há muitos anos um país completamente dependente dos fundos europeus e o que grande parte dos anteriores governos fez foi esbanjar esses fundos. Fez-se muita coisa desde que em 1986 entramos para a União Europeia, mas não basta fazer meus caros amigos... Há que fazer bem feito, e o grande problema é que muita coisa foi extremamente mal feita, sendo que para mim, um dos maiores problemas de todos foi a falta de controlo sobre a aplicação de todo este dinheiro que entrou nosso país. Toda a gente sabe, que até à entrada deste milénio a fiscalização sempre foi muito pobre, quase que a roçar o anedótico. Este é o tipo de coisas que tem consequências a médio-longo prazo e isso é o que estamos a sentir hoje. O nosso país não é alheio à crise mundial que desde 2008 tem vindo a afectar a economia de tudo o mundo e que agravou e precipitou ainda mais a crise profunda da nossa economia. E tendo em conta o nosso historial isso precipitou ainda mais a desconfiança dos mercados internacionais nas nossas capacidades para gerir o dinheiro que recebemos, levando-nos à nossa situação actual perante a Europa.
Desde o início do seu mandato, o governo do PEC-MEN tem tomado bastantes medidas difíceis, muitas delas provocando uma grande falta de popularidade, mas no entanto necessárias. É preciso esforço para obter resultados e muitas vezes sacrifícios. Ninguém gosta de os fazer, mas que eles muitas vezes são necessários toda a gente sabe. Assim sendo, acho que também tem que haver alguma moderação em toda esta contestação, pois nem tudo é linear como gostaríamos que fosse.

No fundo, o que este texto pretende é que as pessoas simplesmente parem um bocado e reflitam sobre aquilo que se passa na realidade política nacional e tomem um bocado consciência de que há várias coisas envolvidas nesta grande equação que nos afecta e afectará nos próximos tempos. Que temos que correr com o Sócrates não há dúvidas pois tem mentido ao seu povo sobre o real estado da nossa economia e sobre as medidas que realmente são necessárias para que não percamos de vez a nossa liberdade e passemos a ser governados pelos senhores dos números europeus. Mas acima de tudo calma e pensemos bem nas consequências de empandeirar já esta trupe, pois os outros que virão a seguir vos garanto que não farão muito melhor...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Nacionalisses

Pois é, chegou ao fim o sonho da selecção nacional e de muitos portugueses neste mundial de futebol. A tristeza é generalizada em mais este falhanço, e como é normal, nestas situações há sempre que encontrar um bode expiatório. E nisto há actualmente 2 grande candidatos a esse papel: o seleccionador Carlos Queirós e o mediático Cristiano Ronaldo.

Devo dizer que uma parte de mim se sente aliviado com este afastamento do Mundial. Para começar irão silenciar-se finalmente essas horrendas cornetas importadas da África do Sul, as vuvuzelas! Espero apenas que tenha sido uma moda passageira, porque só de imaginar, que sempre que agora houver um encontro importante de futebol, seremos obrigados a suportar esse barulho infernal, até me deixa indisposto! A sério meus amigos, a grande maioria de vocês não acham que já ultrapassaram a idade de andar por aí fascinados com tudo o que aparece à frente e faz barulho? É que isso é típico do comportamento de crianças dos 2 aos 6 anos e não é preciso ser-se nenhum entendido em psicologia para estar a par deste facto...

Outra das coisas que tem bom este afastamento do campeonato do mundo é o fim de toda esta disparatada onda de nacionalismo que agora nos invade a cada 2 anos na altura dos mundiais e europeus de futebol. Nestas alturas nunca faltam bandeiras nacionais, camisolas e cachecóis. Nem as caras pintadas com as cores de Portugal faltam. Até as mulheres que passam 300 e muitos dias do ano a falar mal de futebol e lixar a cabeça aos maridos e namorados por causa da "bola", chegam a esta altura e se for preciso ainda berram mais intensamente que os homens! Anda tudo o ano inteiro a queixar-se do seu próprio país, das pessoas que o habitam e da sua mentalidade, mas basta haver uma competição futebolística de nível internacional para que toda a gente passe a ser "um português cheio de orgulho" na sua nação! Mas se depois as coisas correm mal, já somos todos novamente uma tristeza de povo e remetemo-nos rapidamente à nossa própria e típica insignificância.
Será que, tirando a selecção nacional de futebol não conseguimos encontrar de facto um outro motivo de orgulho para aclamarmos a nossa nacionalidade? Somos mesmo um povo assim tão triste que não consegue identificar com mais nada de positivo além de Figos, Ronaldos e Mourinhos?

E no meio de tudo tenho isto tenho mesmo que perguntar... Serei eu o único que se está perfeitamente a marimbar para o facto de o Cristiano Ronaldo não cantar o hino nacional antes do inicio dos jogos de Portugal? É que tipo... Não há nada melhor para discutir? Será que por obra e graça de Nossa Senhora da Aparição ele jogaria melhor se antes cantasse o hino? E será que isso teria como consequência um melhoramento nas nossas vidas pessoais?

Faço estas perguntas porque depois da derrota de ontem tudo servia para deitar mais achas para a fogueira e justificar o falhanço da selecção. Era só abrir o facebook e constatar isto no meio de todos os comentários revoltados. Confesso que a mim me revolta mais o aumento do IVA, a introdução de novas portagens que irão afastar muito do turismo galego da norte do país e a habitual falta de soluções para resolver os problemas económicos e sociais que nos assolam neste momento. Perante isto, parece-me de facto ridículo andar-me a preocupar com o facto de um puto de 25 anos não cantar o hino nacional antes de começar a dar uns chutos na bola...
Aliás, eu até acho o nosso hino um bocado para o piroso, com menção a armas e a marchar contra canhões...
Será que isso faz de mim uma pessoa com menos amor ao seu país? Talvez faça, até porque antes de me considerar português, considero-me cidadão do planeta terra. Mas isso são já outras conversas...

Voltando ao nosso tema dominante, não quero que pensem que sou algum tipo de fundamentalista anti-futebol, pois se o fizerem estão um pouco distantes da minha realidade. Sou uma pessoa que gosta acima de tudo de bons espectáculos, e no caso do desporto acho que o futebol e o basquetebol são dois desportos de excelência a nível do espectáculo que podem proporcionar. Desde os 14 anos que fui perdendo a paixão ferrenha que tinha pelo tão aclamado desporto rei, mas continuo a ser capaz de apreciar ocasionalmente um bom jogo. Acho inclusivamente que é saudável que se vibre e se sinta um pouco dessa paixão pelo jogo, que se discuta um pouco e se formulem opiniões. No entanto o razoável tem um limite e esse começa quando se começa por tornar em ícone nacional e mundial um tipo, que a nível pessoal e intelectual deixa muito a desejar. Esse limite ultrapassa ainda mais a barreira do racional quando se lhe tenta imputar a responsabilidade de uma boa campanha desportiva da selecção portuguesa e se começam a procurar todo o tipo de falhas para se lhe apontar após o fracasso. É o velho hábito de se arranjar os tão badalados bodes expiatórios, do qual o povo português se mostra, a cada ano que passa, um verdadeiro "expert"!

Resta no meio disto tudo, um pouco da consolação de pelo menos desta vez não termos sido os que fizemos a figurinha mais triste. Podemos olhar para o caso dos franceses, que até o seleccionador nacional , presidente da federação francesa de futebol e alguns dos seus jogadores foram chamados ao parlamento para prestar esclarecimentos sobre o sucedido neste mundial. Chega mesmo a ser caso para um tipo pensar: "Fodasse, mas isto anda tudo chóné, ou sou só eu que devo ter sido importado directamente de Marte?" É que se isto não roça o ridículo para mais ninguém, então alguém que me dê o contacto da nave mãe para eu requisitar a recolha e ser devolvido directamente à procedência...

Ah, e para terminar, antes que os mais conservadores se comecem a perguntar, informo desde já que sim, o autor deste texto está consciente de que termo "nacionalisses" não consta do dicionário de língua portuguesa. Mas serve bem o seu propósito.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

The Unworthy

Prayers and requests
Hopes and lies
It's all mixed up
Till the blood arrives
People are confused
In their tiny lifes
Nothing really matters
They're a bunch of flies

Just get them out of here
Put them far from sight
They're mindless and unclear
Or maybe just too high

Sometimes it gets so heavy
That you stop to wonder
Is the world's whole weight
Layin' upon my back?
Cause when I speak you're deaf
But when I don't I'm crazy
And it never ceases
I'll take the blame again... and again

Dirty are the ways
Of you and your kind
Unworthy beings
Shall not waste my time
Going all alone
On a selfish path
Your acts just proved
You're a simple rat

Just get them out of here
Put them far from sight
They're mindless and unclear
Or maybe just too high

Sometimes it gets so heavy
That you stop to wonder
'Is the world's whole weight
Layin' upon my back?'
Cause when I speak you're deaf
But when I don't I'm crazy
And it never ceases
I'll take the blame again...

It's too late to stop it
I'm not comming back
You just crossed the line
You just fucked it up
Heading out my way
Leaving you behind
It's the end my dear
It's your final stop, wave goodbye

terça-feira, 25 de maio de 2010

Weary

Countless nights of sleepless darkness
Pretending on and on again
My switch is slowly turning off,
Hopelessly relentlessly
Ensared by the smoke curtain
And all this fucking uncertainty
Breaks up my will to carry on
Feeling weary, broke and torn apart

You are so close but yet so distant
And everytime... the same punishment
Just save your light for a little while
It's just too bright for these wounded eyes

Your tenderness can no longer calm,
this hellraising crushing inner war
My former structure that you knew
Well...it has simply collpsed
I know that you came in peace,
Thing is... I wanted you for love
Now this blasted night holds nothing
Except the same cold feary darkness

You are so close but yet so distant
And everytime... the same punishment
Just save your light for a little while
It's just too bright for these wounded eyes

Down the ground
The dust arises
I just keep on coming
Back to the start
A timeless loop
I can't avoid
Keeps on spinning
Round and round
Fuck, it's a mess
A nervous collapse
Now paranoic
Is my middle name
It takes my breath
The surrounding air
Just get me out
Of this dead end alley

But keep in mind
That black is black
And it will be
Eternally

I know that I just keep on asking
On what am I supposed to do
With all this filling sickning world of nothingness
That I just can't seem to get through
But if you have a prescription
Kindly take away this bittnerss
That's growing deeper within
And uncontrollably thicker