quinta-feira, 26 de abril de 2012

Es.Col.A da Fontinha: da alegria à desilusão e da desilusão à reacção!

Antes de mais nada, gostaria de começar este artigo com um curto agradecimento ao talvez mais improvável interveniente, o sr. Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto. E quero agradecer-lhe porque simplesmente andava desligado desta coisa que sempre gostei de fazer, mas da qual andava sem grande motivação para o fazer, que dá pelo nome de escrever. Claro está que gostaria que os meus motivos para voltar a escrever fossem coisas positivas, mas à falta de algo melhor uma pessoa lá se vai arranjando com aquilo que lhe é dado.

A verdade é que não dá para estar quieto e calado, quando se observa tamanho atentado aos direitos dos cidadãos e às suas iniciativas. E se do lado do poder instituído alegam ilegalidades neste processo de ocupação da escola da Fontinha, eu do meu lado considero que compactuar com a sua condução deste processo é que é um verdadeiro crime.

Ontem, a cidade do Porto testemunhou uma verdadeira onda de solidariedade da população para com o movimento Es.Col.A, tendo certamente mais de um milhar de pessoas marchado dos Aliados até à Fontinha, onde se deu lugar à reocupação pacífica do espaço de onde este havia sido despejado no dia 19 de Abril. Quem lá esteve viveu tudo isto num ambiente de euforia e festa, repleto de sorrisos, abraços, beijos e cânticos. A alegria tomou conta do povo e o povo tomou de volta aquilo que é seu por direito e que nunca lhe deveria de ter sido retirado. Para alguns foi o seu melhor 25 de Abril até à data, para outros o melhor desde 1974, e para muitos outros o primeiro em que realmente se aperceberam do significado desta data.

Por sua vez, o dia de hoje é novamente marcado pelo sentimento de revolta devido à nova incursão da Câmara às instalações da escola da Fontinha, que fica marcada pela remoção da canalização, sanitas, lavatórios e instalação eléctrica, bem como o novo emparedamento, desta vez feita com cimento. Isto é a forma que o executivo da CMP tem de nos dizer que está disposto a ir às últimas consequências, gastando para isso o dinheiro dos contribuintes, para ir com a sua avante. Não interessa o que de positivo se faz, o que interessa é a vontade destes senhores, e ou nós nos sujeitamos à sua vontade, ou eles seja pela violência ou pela destruição farão essa sua vontade vingar.

Este tipo de comportamento a mim só me lembra uma coisa: um qualquer rufião com o seu gang a tentar intimidar a arraia miúda, relembrando-lhe constantemente que se não lhe dá o dinheiro do almoço este ser-lhe-á retirado à força. Mas estes "rufiões" esquecem-se que a paciência de todos nós é finita, e quando o "bullying" começa a proliferar, o sentimento de revolta e união também se alastra em igual proporção, dando lugar a uma vasta onda de solidariedade na luta contra o opressor.

Assim sendo, penso que a única forma de combater esta teimosia em não reconhecer aquilo que é obviamente uma boa iniciativa popular, passa por todos mostrarmos que não vamos em cantigas e que estamos determinados em levar a nossa intenção avante; que não cedemos a politicas repressivas e intimidatórias, pois somos indivíduos convictos dos nossos ideais, pois se uma boa causa, como esta, não for capaz de nos aproximar e fazer continuar a batalhar por algo em que acreditamos e que achamos ser o melhor para nós, então não sei o que fará!

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