O Homem é de facto um ser capaz das coisas mais estúpidas possíveis e imaginárias. Costumo dizer frequentemente a alguns amigos que eu não sou de cá, que devo ter vindo de Marte ou de um outro planeta qualquer, porque há coisas nas quais não me revejo mesmo e não entendo como é que tanta parvoíce junta é capaz de perdurar.
Hoje entrei no metro, por volta das 14h, e para minha surpresa este ia relativamente vazio, coisa que aquela hora costuma ser rara. Sentei-me num dos bancos e dei graças a Deus por não ir nenhum troglodita com o telemóvel aos berros com uma qualquer música azeiteira ou a falar alto e a bom som, por forma a tentar chamar a atenção dos outros. Andei umas 4 ou 5 paragens e de repente começo a ouvir a música do Noddy. "Acabou-se-me o descanso..." pensei eu para os meus botões enquanto rodava a cabeça para trás por forma a tentar perceber de onde vinha o som, e nisto vejo uma criança de 3/4 anos acompanhada da respectiva mãe e compreendi que o som vinha dali. Numa primeira instância pensei que a mãe tivesse o seu telemóvel em alta voz por forma a tentar satisfazer um qualquer capricho da criança, o que por si só seria mau o suficiente, pois estava a perturbar a paz dos outros, mas um novo olhar para situação fez-me perceber uma realidade bem pior. É que o som afinal não vinha de um telemóvel, mas sim de um desses malditos computadores para crianças a que chamaram de "Magalhães". A mãe, que estava sentada de frente para a criança segurava no computador enquanto olhava desinteressada para o exterior do metro enquanto a criança se alienava com as imagens e sons que o computador produzia.
Há certas coisas que eu sou perfeitamente capaz de compreender, como o facto de actualmente a informática ser algo fulcral na nossa sociedade e como tal haver uma necessidade de desde cedo começar a instruir as crianças com estas novas tecnologias. Até aqui tudo bem, embora possa não concordar com a forma como as coisas vão sendo implementadas, mas a coisa até se "papa". Agora, usa-las como mera forma de distracção para os miúdos, porque simplesmente não se tem paciência para os aturar, isto eu já não compreendo. Isto para mim é negligencia, é incentivar a criança a ficar ainda mais alienada e estúpida, é viciá-la em puro lixo! Uma criança desta idade não precisa de um computador para nada e devia ser resguardada ao máximo deste tipo de coisas, pois em breve chegará a altura em que vai ter que lidar com estas máquinas diariamente. Acho absolutamente execrável ver este tipo de atitudes serem tomadas de animo leve, de forma completamente despreocupada, por aqueles que na realidade deveriam estar era à procura de estímulos para as crianças, por forma a que estas cresçam com algum discernimento do que é positivo e do que não é. Se em breve começar-mos todos a pôr os miúdos a ver filmes nos computadores em vez de falarmos com eles no pouco espaço de tempo que temos com eles, senão os incentivarmos a usarem a sua imaginação ou a socializar, então em breve temos uma sociedade de robots.
Meus caros, sou da profunda convicção que hoje em dia para se ter filhos é preciso ter-se coragem, muito bom senso, e acima de tudo muita responsabilidade. Aconselho a todos aqueles que tencionam ser pais a que pensem muito bem no que isso significa nos dias de hoje, porque muito sinceramente, se é para andarem a criar mais um autómato do sistema então mais vale estarem quietinhos, pois disso já há aí às toneladas e não precisamos de mais. Se realmente querem criar e educar uma criança, pensem bem que terão que lidar com uma série de situações às quais é preciso ter convicções firmes e definidas e que só poderão ser aplicadas com inteligência e pedagogia, pois doutra forma este processo de estupidificação irá continuar e daqui a uns anos viveremos com ecrãs pendurados nas nossas cabeças num planeta cheio de seres amorfos, sem vida nem opiniões próprias.
segunda-feira, 29 de junho de 2009
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